sábado, 1 de outubro de 2016

Minhas personagens e eu

Certa vez me perguntaram o que tenho em comum com minhas personagens. Naquele momento, não consegui pensar em nada, afinal, para mim, eram apenas personagens, algo que eu estava e estou tão habituada a fazer que não via nada de tão específico. É natural, para mim, inventar. Porém, parando para pensar um pouco, consigo entender que nada é tão externo ao ponto de não ter vindo de dentro. Se saiu de mim, alguma coisa precisava estar aqui. Freud explica, claro. Portanto, lá vamos nós: Luíza, minha primeira personagem principal, é alguém que já fui. Já fui tão tímida ao ponto de não conseguir me expressar, já guardei tudo para mim só para não incomodar o outro e, parafraseando minhas próprias palavras: preferia ver a felicidade do outro, mesmo que isso levasse embora a minha própria felicidade. Passei muito tempo da minha vida, principalmente minha adolescência, exatamente como Luíza. De Lorena, minha segunda personagem principal, percebi que ela tem algumas coisas que eu carrego em mim todos os dias. Lorena não tem medo do desconhecido. Ou melhor, ela não paralisa frente ao desconhecido. Ela investe, ela corre, ela vai. Eu sou exatamente assim. Quanto mais algo parece desafiador, mais eu quero. Ela é corajosa, sincera e, principalmente, aventureira. Ela não pensa duas vezes, ela, simplesmente, vai. Essa é a parte “Lorena” de mim. Ester, minha terceira personagem, por sua vez, tem algo que nasceu enraizado em mim: resiliência. A quantidade de vezes que Ester caiu e levantou para continuar não está no gibi! Foram muitas mesmo! Eu sou exatamente assim. Não importa o problema, não importa a dor, eu respiro, choro tudo o que tenho para chorar e continuo. Desistir é uma palavra que não existe no meu vocabulário. E, claro, não podia me esquecer de Alice. Minha quarta personagem principal, mas, talvez, a mais parecida comigo. Alice tem, acredito eu, um pouco de todas as outras. É como se, inconscientemente, eu tivesse juntado todas as minhas características que coloquei nas outras personagens e tivesse me colocado nela por completo. Ela é insistente, corajosa, forte. Ao mesmo tempo que sabe que a vida não está sendo fácil e que tudo está dando errado, isso é motivo suficiente para que ela continue tentando. Sorte? Fala sério, elas são verdadeiras inimigas e ela já nem conta com isso mais. A questão principal é correr atrás, lutar e, se merecer, conseguir. Se não conseguir, vamos para a próxima. Claro que, mesmo que tenha algo em comum com minhas personagens, também sou, ao mesmo tempo, diferente. Muita coisa que coloco nelas gostaria de ser, gostaria de ter e gostaria de sentir. E, em alguns casos, peço a Deus, silenciosamente, que a vida comece a imitar minha arte. Prometo fazer um final feliz!

2 comentários:

  1. Sou apaixonada por tudo que você escreve, são lindas palavras e fico sempre ansiosa pelo que você quer.
    Art of life and books

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